Momentos em Família

Wednesday, July 05, 2006

Nascimento Bruna (16-abr-03)


Era pouco mais de 4 da manhã, a Jô me acordou dizendo que tinha dores a cada 20 minutos e desde as 2:30 que não dormia. E eu, com o sono pesado de sempre, nem havia percebido. Levantamos rápido e nos arrumamos para ir ao hospital. No banheiro, a Jô avisa que a bolsa havia rompido, mais um sinal de que devíamos sair o mais rápido possível.
Chegando ao HSC fomos rapidamente encaminhados à médica de plantão (Dra. Adriana), o exame mostrou 2 cm de dilatação, havendo necessidade de internamento. Neste momento, por volta das 6, liguei para a Tritec e para minha mãe, avisando que estávamos no hospital e que a Bruna nasceria naquele dia (fiquei sabendo horas depois que fizeram um cartaz na Tritec dizendo: “A filha do Islan vai nascer hoje”, para que todos que chegassem no escritório soubessem da novidade). A médica (Dra. Marta) chegou no quarto às 7:30, a dilatação já estava em 4 cm e a bolsa rompeu totalmente, sendo necessário trocar a roupa de cama. Ela comentou que havia grande chance de ser parto normal, desde que houvesse encaixe rápido do bebê e a Jô não estivesse sentindo dores muito fortes. Com isso, teríamos que esperar até o momento certo para o parto, que deveria ocorrer após o meio-dia. No entanto, após sua saída, as dores começaram a se intensificar, as contrações ocorriam a cada 4 ou 5 minutos e duravam quase 60 segundos. Pouco antes das 9 horas encaminhamos a Jô para o Centro Obstétrico (sua mãe e eu estávamos aflitos por ver seu estado e nada podermos fazer).
Fiquei esperando do lado de fora enquanto a Rose ficou no quarto rezando pela filha e pela neta, os poucos minutos ali fora pareceram horas. Enquanto esperava conheci outro pai, na mesma angústia que eu, porém um pouco mais calmo, pois já era seu segundo filho. Nos deram umas folhas para assinar, obrigatória para quem vai assistir ao parto (no meu caso poderia ser assistir o parto), e pediram que aguardássemos. Em 20 minutos ele foi chamado para entrar no vestiário, se trocar e ficar pronto, a cesariana seria realizada em poucos instantes. Pouco depois também fui chamado, a enfermeira me pediu que entrasse para ficar ao lado da mãe, pois o parto ainda iria demorar um pouco para começar. Lá dentro, ao ver a Jô após a aplicação da anestesia, fiquei mais calmo, o anestesista nos transmitiu segurança e tranqüilidade. Havia controle de pressão e batimento cardíaco da Jô e da Bruna, o qual pudemos ouvir todo o tempo. Às vezes o aparelho se soltava, mas bastava um toque da Jô com a mão e voltávamos a ouvir, o que para nós era uma melodia, o batimento constante nos mantinha tranqüilos.
A Dra. Marta chegou próximo das 10:30, após examinar disse para nos prepararmos, iria chamar a pediatra e a enfermeira e iniciar o parto o mais rápido possível. Neste momento senti algo difícil de explicar, percebi que estava mais nervoso que a Jô e não sabia qual seria minha reação no momento em que minha filha estivesse prestes a vir ao mundo.
Enfim tudo estava preparado, os campos cirúrgicos nos seus devidos lugares, a obstetra a postos, a pediatra esperando o momento de entrar em ação e o anestesista observando se seria necessária uma dose adicional de morfina. Dito e feito, ao fazer força para expulsar o bebê a Jô sentiu dores fortes, o anestesista mostrou pra que veio e reiniciamos. Para ajudar a Jô segurava suas costas com a mão direita e empurrava o bebê para baixo com a esquerda, afinal tinha grande parte da culpa e não poderia ficar só olhando num momento como aquele. O anestesista ajudava com o antebraço sobre a barriga da Jô, achei a força que fazia exagerada, mas nos disseram que era normal e ajudaria a expulsar o bebê. Após algumas tentativas sem sucesso finalmente a Bruna nasceu, é difícil explicar o que senti naquele momento, ao ver minha filha a meio metro de mim, ainda com o cordão umbilical intacto e movendo rapidamente braços e pernas (o cordão dava duas voltas em torno de seu pescoço, o que necessitou técnica da obstetra para retirar o bebê). Devido à demora no corte do cordão a Bruna demorou a chorar, o que deixou a Jô em pânico, pois imaginou que ela estivesse desmaiada. Eu, como estava maravilhado com a cena e vendo que o bebê estava bem, nem percebi sua preocupação. Após o corte do cordão e, enfim, choro da Bruna, a Jô suspirou aliviada, a obstetra entregou o bebê à pediatra que iniciou seu trabalho. Como não poderia deixar de ser colei na médica para ver o que iria acontecer com minha filha. Ela pesou e mediu o bebê (a Bruna nasceu com 2800 g e 48 cm) e colocou uma sonda em suas vias nasais (uma espécie de mangueira bem fina de uns 30 cm de comprimento). Sabia que não gostaria de ver aquela cena, mas estava incluída no pacote. Para meu espanto, em seguida, a médica colocou a Bruna em meus braços: “Toma que o filho é teu”. Peguei-a com cuidado, ela estava envolta em um campo cirúrgico verde escuro, inchada, chorando, manchada de sangue e maravilhosamente linda! Andei em direção à Jô e encostei o rosto da Bruna em seu ombro, que parou repentinamente de chorar (não tenho dúvidas de que ela sabia que estava nos braços da mãe). Em seguida a enfermeira bateu uma foto nossa e devolvemos a Bruna à pediatra, lhe foram aplicadas duas injeções (lembro ainda que perguntei o que eram, ela respondeu, mas não lhe dei ouvidos, estava fascinado com o que estava acontecendo). Enquanto limpavam a Bruna com algodão úmido fui até o berçário, onde há separação com a parte externa apenas por uma parede de vidro, à procura da minha sogra para lhe dar sinal de que tudo havia corrido bem. Apesar de vê-la do outro lado ela não notou minha presença, andava de um lado para outro preocupada, e não adiantava gritar pois não seria ouvido. Foi então que me dirigi à porta onde os enfermeiros entram com os bebês (cuja passagem é proibida), abri e chamei por ela, disse que o parto tinha corrido bem. Ela me perguntou como estava a Bruna e apontei para a mesa onde a estavam limpando, poucos metros atrás de mim, ela estava olhando em nossa direção com os olhos totalmente abertos. A Rose, que com certeza não esperava vê-la naquele momento, caiu em prantos e me abraçou (jamais vou esquecer aquele momento).
Fechei a porta (a qual não poderia ter aberto) e acompanhei a Bruna até o berçário, ela foi colocada em um daqueles berços aquecidos, onde ficaria por mais ou menos uma hora e meia até poder tomar banho. Voltei à sala onde houve o parto e fiquei ao lado da Jô até o término do trabalho da obstetra. Ela teria de ficar em observação por aproximadamente uma hora em outra sala, na qual eu não poderia entrar. Troquei de roupa e saí, ficamos olhando a Bruna através do vidro por algum tempo enquanto outra família de aproximadamente 10 pessoas estourava champagne e tomava Whisky, à espera do novo membro da família, também menina.
Retornamos ao quarto e logo fomos chamados, pois a Jô já estava liberada. O encontro mãe e filha neste momento foi algo que tive o prazer de presenciar. Não tenho dúvidas de que este foi o dia mais emocionante de minha vida, difícil colocar em palavras tudo o que senti, mais difícil ainda é explicar a dimensão do amor que sinto por esta menina, cuja existência sou totalmente responsável. Sei que presenciei um momento mágico e hoje sei o que significa uma frase que ouvi há algum tempo: “Você só vai saber o que é ter um filho quando segurar o seu nos braços”.
Islan de Castro Gomes

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

ola... tudo bem? é um grande prazer poder ler um relato tão lindo e verdadeiro, cheios de detalhes que só alguem que ama muito pode dizer com palavras tão nitidas. Que bom amigo que voce é assim tão especial, e sua familia tão linda . Não é exagero dizer que adoro essa familia,desde a querida vó julia, até a linda bruninha ! um abraço para voce e a jo, e um beijinho para a querida bruna. Que Deus os mantenha iluminados sempre! < jurandir >

5:23 PM  

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