Momentos em Família

Monday, September 25, 2006

Conjuntivite Nostálgica (22/09/06 - 6ª feira)

Hoje faz 8 dias que peguei conjuntivite. Acho que a subestimamos quando o Osvaldo apareceu, há mais de 2 meses, com os olhos vermelhos. De lá pra cá todos pegaram, inclusive a Bruninha. Eu e a Jô estamos na reta final, acredito que até domingo estaremos curados. O maior problema não foi este dodói (como diz a Bruna) ter passado para o lado de cá do muro, mas para o bairro Bacacheri, uma vez que a Joeliza também está mal... Tomara que o Dar e o Dudu saiam ilesos (serão os únicos!).
Eu e a Jô não trabalhamos toda a semana, foram duas viagens para Araucária, na perícia médica da prefeitura. Uma delas, por sinal, bastante estressante! Não quero entrar em detalhes, só não posso deixar de dizer que algumas coisas realmente me aborrecem neste país. O excesso de burocracia, a falta de padronização, de treinamento e até mesmo de bom senso são gritantes, principalmente quando estamos diante do serviço público. Sem dizer que um médico, normamente arrogante, foi, supreendentemente, simpático! Algum motivo havia de ter por trás de todo aquele sorriso, e nem era preciso ter estudado Maquiavel para desconfiar. Afinal, estamos em época de eleição e sua esposa é candidata, o que obviamente nos foi lembrado nos minutos finais daquela consulta pra lá de teatral. Por isso não acredito que verei uma verdadeira mudança neste país, mais provável que meus netos a vejam, quem sabe...
O final da semana foi mais proveitoso, fomos na marcenaria onde o quarto da Bruna está sendo feito, além de comprarmos colchões e puxadores. Ela ficou surpresa ao ver o seu quarto montado em um canto do barracão e fez a maior festa experimentando os colchões da loja onde efetuamos a compra. Comprei também alguns livros usados na quinta-feira, atenção especial deve ser dada ao Vocabulário Corporativo, do Max Gehringer, que traz as origens da língua portuguesa, além do significado de centenas das nossas palavras. O que mais me chamou a atenção até agora no livro foi descobrir que, até meados do século XVIII, a língua tupi-guarani era mais falada que o português pelo interior do Brasil, por um motivo bem simples: a mistura de raças iniciou com famílias de pais portugueses e mães índias! Consequentemente, a razão de o brasileiro pronunciar as palavras trabalho como “trabaio” e volta como “vorta” se deve ao fato de, no tupi-guarani, a letra “L” não ser pronunciada! Duvida? Então verifique se tal pronúncia acontece nos demais países de colonização portuguesa!
Além de livros comprei também alguns discos antigos de, é claro, velhos compositores da MPB. Até agora naveguei pela obra de dois deles apenas, Ataulfo Alves, autor da inesquecível Ai, que Saudade da Amélia e Herivelto Martins, autor da menos conhecida, porém não menos brilhante Ave Maria no Morro. E querem saber da maior, a Amélia existiu! Era lavadeira da Aracy de Almeida, e seu irmão, o baterista Almeidinha, brincava no Café Nice dizendo: “Amélia é que era mulher, lavava, cozinhava, passava, e o dinheiro que ela ganhava a gente bebia”. É mole? Quanto à obra de Herivelto, quando a compôs levou a música a um grande amigo, também compositor, Benedito Lacerda, já harmonizada para o Trio de Ouro, a fim de impressioná-lo. Benedito ouviu com atenção e disse: “Está muito bonita compadre, ótima para se cantar na igreja”. Decepcionado, mas não desanimado, Herivelto se retirou e refez a música que, quando apresentada novamente ao Benedito, o deixou boquiaberto. Gravada em 1942 esta música se transformaria num dos maiores sucessos da MPB, o que lhe valeu inclusive várias gravações no exterior. No Brasil, apareceu até uma gravação em esperanto, dá pra crer?
E assim aguardo a melhora do olho, para que possa voltar ao batente.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

teste

12:18 PM  

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