Momentos em Família

Tuesday, November 21, 2006

Nascimento Luísa (17/11/06)


“Cada parto é um parto”. Esta frase é dita por vários médicos, encontrada inclusive em livros, porém não assimilada por nós, pais pouco experientes no assunto. Acredito que muitos, assim como eu, imaginaram o nascimento do segundo filho como sendo uma repetição do primeiro, não somente nos fatos, mas também nos horários. Achei um absurdo estar no quarto à meia-noite enquanto a Jô, em outra sala, aguardava a chegada da médica desde às dezenove horas (por algumas horas imaginei que nossas duas filhas nasceriam no dia 16). Quando a médica chegou, pouco depois das onze, disse que estava acostumada a fazer partos de madrugada, que iria estourar a bolsa e iniciar os preparativos. Logo vi que a noite seria longa...
Perto da uma da manhã fui chamado para ficar alguns minutos com o Jô, ela tinha contrações freqüentes e a dor era intensa. Deixei-a na entrada do Centro Cirúrgico e, acompanhada por uma enfermeira, seguiu para a sala de parto, onde seria anestesiada, pois já devia estar com aproximadamente 6 centímetros de dilatação. A angústia nesta hora foi grande. Voltei para o quarto novamente, à espera de ser finalmente chamado para o parto. Foi difícil deixar a Jô naquele momento e os segundos demoravam a passar...
Às duas fui chamado. Rapidamente me preparei, coloquei máscara, gorro, troquei de roupa e esperei por mais uns vinte minutos. Ao entrar na sala encontrei a Jô já anestesiada, a obstetra e a pediatra a postos, além do médico de plantão e da enfermeira. Parecia que só estavam esperando que eu chegasse (tive a impressão de ter sido chamado no último minuto, e acho que fui mesmo), era pouco mais de duas e meia da manhã. Menos de cinco minutos depois a Luísa nasceu, já na segunda tentativa. Do pouco que participei tive a impressão de ter sido mais simples que o nascimento da Bruna, a Jô parecia ter feito menos força e necessitado de menos ajuda externa para expulsar o bebê. Mais tarde descobri que não foi bem assim, a aplicação da anestesia foi demorada, a Jô sentia muitas dores, dificultando o trabalho do anestesista. Ao término da aplicação a obstetra percebeu que a Jô já estava com dilatação máxima, o que, segundo o anestesista, já era de se suspeitar, dada a dificuldade que teve em realizar seu trabalho (mais tarde ele foi até o quarto para ver como a mãe estava, sinal de que foi algo fora do comum também para ele). Ao analisar o líquido amniótico, a médica constatou que a Jô já estava de 40 semanas, e não 38 como mostrava na tabela, tempo quase limite para o nascimento, a partir do qual há risco tanto para o bebê quanto para a mãe.
A Luísa chorou já no primeiro segundo. A emoção em vê-la foi exatamente a mesma da primeira vez, como se nunca tivesse passado pela experiência. Dei um beijo na Jô e segui com a pediatra para o quarto ao lado, onde seriam realizados os procedimentos iniciais com o bebê. Em sua cabeça havia um pequeno inchaço, garantido por ela se tratar de algo normal, devido a sua posição no momento do parto, e que logo desapareceria. Ao término peguei a Luísa no colo e caminhei de volta para a sala ao lado. No caminho trouxe o rosto dela próximo ao meu e pronunciei algumas palavras. Para minha surpresa, e indescritível emoção, naquele momento ela parou de chorar. Levei-a até a mãe e ficamos alguns instantes juntos, com as cabeças encostadas, momento que me marcou profundamente. Fui então até o berçário com a pediatra levar o bebê, enquanto a Jô ficaria mais um tempo em observação. Antes de deixá-la fomos até uma janela onde pudemos mostrar a neta à avó, que andava de um lado para o outro apreensiva, em busca de alguma informação.
Pouco depois das três voltamos para o quarto, a Jô chegaria uma hora mais tarde, seguida da Luísa, que nos foi deixada por volta das cinco. Enfim estávamos juntos, sem ninguém esperando pelo bebê ou pedindo que eu saísse, pois a mãe deveria ficar em observação.
Alguns momentos de nossas vidas jamais são esquecidos, lembramos por anos a fio de imagens, palavras ditas e, inclusive, das reações que tivemos. Li certa vez que isso acontece porque a qualidade do registro em nossa mente está diretamente ligada à emoção que sentimos naquele momento. E este registro será intensificado quanto mais vezes nos lembrarmos do ocorrido.
Tenho certeza de que jamais esquecerei este dia, a imagem da Luísa em seus primeiros segundos de vida, e tudo mais que vivi neste 17 de novembro, estarão para sempre presentes em minha memória. São momentos como estes que nos mostram como a vida é maravilhosa e que Deus não se esqueceu de nós.

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