Momentos em Família

Friday, February 15, 2008

Espermograma

Era 08 de fevereiro de 2008, estava eu parado em frente à clínica onde faria o tal Espermograma. Desde o dia 02 de novembro, quando fiz a cirurgia de vazectomia, a guia da Unimed (guardada dentro do meu guarda-roupa), olhava para mim dizendo: “Meu dia ainda chegará!”. E lá estava eu, prestes a sair do carro e encarar a situação.
Fui recebido por uma mulher jovem, acredito que com idade próxima dos 20 anos. Usava óculos, com uma armação um tanto ultrapassada, tinha cabelos longos e negros. Quanto ao peso e altura, eu diria que próximos do terceiro desvio padrão acima da média para sua idade (o Darta bem que me avisou, mas achei que era folclore, e ainda por cima ela me fez lembrar a Janes Joplin).
Nada me disse além de bom dia, lhe entreguei o cartão da Unimed juntamente com a guia e ela literalmente não sabia o que fazer, parecia estar no primeiro dia no emprego. Chamou por ajuda e uma moça uns 10 ou 15 anos mais velha que ela veio ajudá-la. Era o seu oposto, tinha no máximo um metro e cinquenta de altura e devia pesar uns 40 quilos. Entregou-me uma etiqueta para preencher, que continha Nome, Data e Dias de Abstinência. Enquanto isso ela preencheu meus dados no sistema, devolveu-me o cartão, recolheu a guia e pediu que eu esperasse na sala ao lado. Era uma sala de espera comum, com dois sofás, uma mesa de centro com algumas revistas, café e água num balcão ao lado. Somente uma mulher de quase 50 anos lá estava, lendo Caras em um dos sofás. Sentei-me no outro e peguei a Exame.
Fui chamado poucos minutos depois pela última das mulheres que me atenderam. Me pediu que a seguisse. O corredor parecia interminável, tinha no máximo um metro de largura e sua parede estava repleta de fotos de bebês. Viramos à esquerda, e atravessamos outro corredor, também interminável. Paramos finalmente em frente à uma porta que dizia Sala de Coleta. Havia um número na porta de um só dígito, para classificar cada uma das salas, mas não me lembro qual era. Ela pegou uma chave do bolso, abriu a porta e fez sinal para que eu entrasse, entregou-me o pote (no qual estava fixada a etiqueta que havia preenchido) e me pediu que, no final (confesso que a palavra final me soou um pouco estranho), deixasse o pote sobre a pia, trancasse a porta e lhe entregasse a chave na saída. Consenti, informando-a que havia compreendido. Ela então fechou a porta e saiu. E lá estava eu, na sala em que a guia, guardada por mais de 3 meses no meu guarda-roupa, dizia que um dia eu entraria. Ela era dividida em dois ambientes, um pequeno lavabo de um lado e uma poltrona do outro. Ao lado desta havia várias revistas, já cheias de orelhas ( e completamente diferentes daquelas encontradas sobre a mesa da sala de espera), um vídeo cassete e uma TV, presos naqueles suportes de parede, num canto superior da sala e com a TV mirada para a poltrona. O vídeo era um Sharp do final da década de 80, e a TV, não me lembro da marca, mas era preta, daquelas que tinham uma portinha na frente, que, quando aberta, dá acesso aos comandos (e é claro que esta portinha já não estava mais lá, acredito que há alguns anos). Ambos os aparelhos eletrônicos pareciam-me mais velhos do que a própria clínica! Manter aparelhos tão antigos seria uma estratégia para evitar seu uso? Ou seria exatamente o contrário, garantindo que não haveria dificuldade em usá-los, uma vez que a maioria dos que por lá passam devem se lembrar de tais aparelhos quando recém lançados? Tudo para evitar que um maluco saia da sala e peça ajuda para ligar aquela parafernalha. Deve ser isso, com toda a certeza.
Após terminado o serviço retornei pelos mesmos corredores, que não pareciam tão intermináveis quanto antes. Entreguei a chave para a mulher que havia me acompanhado até a sala, que me informou que o resultado sairia em uma semana. Me despedi com um simples aceno, e ela retribuiu exatamente da mesma forma. Será que eu seria correspondido se tivesse lhe estendido a mão para um cumprimento final?

Friday, February 01, 2008

Como Tirar Doce de Criança...


Certa vez estava em São Paulo em uma conferência sobre Manufatura Enxuta (conceito surgido dentro da Toyota no Japão). Em uma das palestras ficou evidente que, por mais que os conceitos fossem relativamente simples, é durante a aplicação dos mesmos que se percebe a grande dificultade da implementação Lean. O intrigante é que o último slide da palestra dizia: “Aquele que diz ‘isso é mais fácil que tirar doce de criança’... provavelmente nunca tentou realmente tirar doce de criança”. Descobri ontem que ele tinha total razão, além de ter sido feliz na analogia, pois já paticipei de algumas implementações de conceitos Toyota nas empresas e percebi que não é nada fácil.
Pois bem, ontem, quando cheguei em casa, a Lulu estava dormindo. Havia acordado por volta das 11h da manhã após ter nos deixados acordados das 4h às 7h, quando eu e a Jô revesamos os cuidados com o bebê, sendo que cada um de nós dormiu uma hora e meia deste intervalo. A Jô inclusive ficou surpresa, uma vez que sobra sempre só pra ela, he, he. Bem, como acordou tarde, a Luísa passou em alerta o dia todo, vindo a dormir somente no finalzinho da tarde. A Jô então tomou banho com a Bruna e deixou para que eu desse banho no bebê, assim que ela acordasse. É claro que não fizemos o silêncio comumente esperado quando ela está dormindo, e até forçamos um pouco no barulho, na intenção real de acordá-la, pois não queríamos correr o risco de passar mais uma noite em claro (a Mamãe Jo pelo menos já estava ficando preocupada, pois não sabia se, caso acontecesse, poderia contar novamente com a ajuda do marido...).
No momento em que fui dar banho na Lulu ela estava com um pirulito nas mãos, os lábios estavam roxos (acho que era de uva...) , o rosto lambuzado e as mãos grudentas. Tentei pegar dela o doce, e é claro que sua mão se fechou fortemente e o choro iniciou instantaneamente. Tentei explicar que não jogaria fora e que depois ela poderia terminar com o doce, mas foi em vão. Resolvi então tirar a sua roupa mantendo o pirulito em suas mãos. Saquei primeiro o braço cuja mão estava livre, depois tirei a cabeça e por fim saquei fora a camiseta, sentindo a “cola” do pirulito na passagem, que, é claro, nem se mexeu. Ficamos nós dois, dentro do box, esperando que ela terminasse o pirulito para que pudéssemos ligar o chuveiro. A mamãe Jo chegou e teve que tirar uma foto daquele momento. Estão achando exagerado? Então tentem tirar doce de criança...